‘Ratched’ se perde no conceito de prelúdio mas Sarah Paulson compensa a experiência

No próximo dia 18 de setembro estreia na Netflix, a série Ratched, a nova produção criada por Ryan Murphy para a plataforma. Nós pudemos conferir de maneira antecipada a produção e trazemos aqui nossa reflexão acerca do show que tem ninguém menos que Sarah Paulson no papel principal.

A trama reimagina a origem da icônica enfermeira Mildred Ratched de ‘Um estranho no ninho’ trazendo para o espectador a justificativa de sua  natureza doentia. Sexualidade reprimida, abusos familiares, irmão com tendência à violência são alguns dos pontos que procuram explicar o desenvolvimento da personagem.

Ambientado em 1947, Ratched apresenta uma anti-heroína já assustadora em seu desprezo pela vida humana, mas completamente ingênua. Repleta de traumas e sentimentos reprimidos; não deixa claro em quem ponto da história encontramos a personagem, já que este é descrito como um prelúdio, mas funciona para mim como uma história completamente independente e isso para mim, foi uma das maiores frustrações ao assistir. A produção é descrita como um mistério, mas que soa como uma temporada a parte de American Horror Story, e como de praxe se perde completamente do meio para o fim.

O que parecia ser algo icônico, se torna algo sem contexto e/ou coerência. Não funcionando de maneira isolada, nem como história de origem que é a proposta da série. No início vemos a personagem já com seu instinto assassino e cruel, e ao longo dos episódios ela parece amolecer. Mas não era para ser ao contrário? Acredito que se em nenhum momento tivessem anunciado o show como um prelúdio ela funcionaria melhor ao espectador, pois nenhuma das versões Ratcheds de ser de Sarah Paulson se assemelham a original. Se essa era a intenção, então OK! Mas não creio que seja.

A impressão que temos é que Ratched é quem ela precisa ser naquele momento, se moldando a cada possibilidade: a manipuladora, a irmã preocupada, a amante, a sexualmente reprimida, a vingativa e até mesmo a enfermeira carinhosa; de forma a desenha que uma mulher pode ser quem ela quer ser. Mais uma vez Paulson mostra como pode ser multifacetada brilhantemente.

Logo nos primeiros minutos da série, e o que permanece ao longo de todos os episódios, é a maneira que as cores conversam com a história. Elas são presentes de maneira intensa e significativa. Quando vemos a protagonista em seu carro verde, ou trajando seu belo vestido amarelo, sabemos que ali haverá muita opressão, muita vingança, muita ganância, mas principalmente muita insanidade. Tais cores, estão presentes em todo ambiente, não somente nos objetos, mas também na iluminação. Enfim o que preciso reforçar é que as cores são de fato o melhor que a série tem a oferecer ao espectador.

Tal aspecto, é a marca registrada de Murphy, sempre muito impecável nos detalhes, e no luxo de suas produções; presentes tanto nas vestimentas, quanto nos cenários e nas paisagens.

Ratched tem pontos muito significativos ao longo dos episódios, com atuações honestas e com bastante impacto; Mas também como uma mensagem crítica sobre a forma que os doentes mentais foram tratados nas instituições ao longo dos anos, e até mesmo como a ignorância da época resultava em tratamento de questões que não exigiam tal de maneira brutal e cruel.

Me preocupa saber que Ratched é planejada para quatro temporadas, e acabe se tornando um American Horror Story original da Netflix. Mas esse é ponto particular mesmo, não significa que para você que esta aqui lendo sinta o mesmo.

No mais Ratched peca pelo excesso e não entrega nem metade do que promete, o que me entristece tamanha expectativa. Espero que caso renovada oficialmente consiga superar este primeiro ano.

Ratched estreia dia 18 de setembro na Netflix.

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