Os Irregulares de Baker Street tem potencial, mas se perde
Quando o nome Baker Street apareceu no título da nova série da Netflix, os fãs de Sherlock Holmes logo viram a oportunidade de ter mais uma produção de sucesso envolvendo o detetive britânico. O personagem vem migrando entre televisão e cinemas há anos, tendo suas duas produções de maior sucesso em plataformas diferentes. O Sherlock de Benedict Cumberbatch brilhou na BBC e até hoje é uma das séries de maior sucesso do mundo. Ja Robert Downey Jr., por exemplo, obteve muito sucesso ao lado de Jude Law nos cinemas e a franquia irá ganhar mais um filme em breve. Agora, Os Irregulares de Baker Street chegam a Netflix para ter uma chance de ganhar seu espaço.
O streaming viu na série uma oportunidade de tentar criar uma perspectiva diferente do detetive britânico, um lado mais anti-herói (ou ainda vilão) do personagem. O grupo que dá nome a série surgiu nos livros de Sir Arthur Conan Doyle, o que mostra um certo fundamento na criação da história. Após os oito episódios do seriado, porém, fica a dúvida se Conan Doyle iria querer que seus personagens fossem adaptados dessa forma.
Os Irregulares apareceram pela primeira vez em ‘O Signo dos Quatro’, lançado em 1888. Eles eram um grupo de crianças e adolescentes de rua, que funcionavam como os “jornalistas” do lugar. Eles levavam informações a Sherlock e Watson, quando os dois não tinham tempo de procurar em cada beco dos subúrbios de Londres. Na série, a líder do grupo é Beatrice “Bea” Cook (Thaddea Graham), que de sua forma torta comanda outros quatro jovens adolescentes, abandonados nas ruas. Ela se preocupa com cada um ali e está disposta para garantir a segurança dos amigos e da irmã, Jessie (Darci Shaw).
Precisando de dinheiro, Bea é contratada por Watson (Royce Pierreson) para investigar o sumiço de bebês. Diferente da versao de Law ou Martin Freeman, esse Watson é frio, calculista e obcecado, uma pessoa até mesmo intragável de se lidar. Nos primeiros episódios, Watson apenas comenta sobre seu sócio, Sherlock (Henry Lloyd-Hughes), mas revela que o mesmo não está em condições de receber visitas. É aí que a série cria e entrega a versão drogada, viciada e ignorante do famoso detetive britânico.
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Com grande potencial para se tornar uma produção incrível, Os Irregulares de Baker Street se perde na fórmula do grupo de crianças que derrotam adultos poderosos. Quando o sobrenatural entra na história, a série encontra potencial para ser algo ainda maior, principalmente quando as supostas fendas são abordadas. Alguns nomes conhecidos de Sherlock Holmes, como Lestrade e Mycroft, não entregam nada demais a produção e são apenas uma referência desperdiçada.
A série traz boas intenções, mas não é bem estruturada o suficiente para escapar do óbvio. O showrunner, Tom Bidwell, quis criar uma produção de época com elementos modernos, principalmente no linguajar das crianças e na trilha sonora. A época fica restrita ao regime de governo monárquico e as roupas dos personagens, bem diferentes do moderno de Sherlock Holmes da BBC. Além disso, as tramas são previsíveis e o sobrenatural não faz sentido, é apenas bizarro e sombrio. Por termos adolescentes como protagonistas, sabemos pelo ritmo que a série entrega, que nada de ruim vai lhes acontecer. E a série tenta mostrar que não tem amarras ou limites, mostrando uma personagem sem olhos logo em uma das primeiras cenas.
Por fim, a chegada de Leopold (Harrison Osterfield) tenta entregar um romance forçado entre ele e Bea, algo similar ao que aconteceu em Enola Holmes. O relacionamento dos dois adolescentes é tão aleatório e sem fundamentos, que é desenvolvido apenas em cima do protexto batido do menino rico que se apaixona pela menina pobre.
Os Irregulares de Baker Street está em exibição na Netflix.