Piano Mecânico, o livro distópico de Kurt Vonnegut

Logo de cara, Piano Mecânico encanta pela nova edição organizada pela Editora Intrínseca. A capa dura em tons de cinza e verde chama a atenção dos leitores mais apaixonados pela diagramatura de livros e todo o mérito se deve a dedicação total da editora em produzir algo de excelente qualidade. É um dos livros mais bonitos que tenho na estante. A história foi originalmente publicada em 1952, mas só chegou ao Brasil anos depois, em 1973. Um mundo em que máquinas realizam atividades cotidianas não é mais especulação da ficção científica há tempos.

A história é batida, o que torna o livro, infelizmente, repetitivo. Quando pensamos que foi lançado anos atrás, não havíamos sido expostos a outros conteúdos da mesma temática, então é provável que quem tenha conhecido o Piano Mecânico original consiga admirar a história com novos olhos. A trama se passa após uma Terceira Guerra Mundial, protagonizada por homens e máquinas, onde estas últimas saíram vencedoras. O mundo é automatizado e a tecnologia, já frequente em nosso dia a dia, divide espaço com pessoas e animais. Vonnegut, sem saber, foi um visionário que previu o futuro em que hoje estamos vivendo. Estamos rodeados de máquinas, que muitas vezes substituem o que mãos humanas foram programadas para fazer.

Em um novo mundo criado pelas máquinas após a vitória na guerra, a sociedade foi dividida em um sistema estratificado hierárquico, onde dinheiro significa pouco ou quase nada. Os mais altos representados são os mais inteligentes, não os mais ricos. Os indivíduos são separados de acordo com sua capacidade intelectual e seu QI: os mais espertos têm uma série de privilégios, enquanto os não tão inteligentes assim…já é possível imaginar. Dentre os privilegiados temos engenheiros, médicos, gerentes, como o doutor Paul Proteus e sua esposa, Anita. Quando um antigo colega de trabalho aparece, todo o mundo perfeito de Paul vira de cabeça para baixo.  

Proteus começa a questionar a hierarquia que sempre seguiu de bom grado. Como seria se ele não tivesse todos os privilégios e facilidades que sua vida lhe traz? Seria possível ser feliz sem tanta tecnologia e mais dependente dos humanos? Ao se deparar com a vida dos excluídos da sociedade, Paul descobre o que realmente aconteceu ali. 

Piano Mecânico traz inúmeras críticas ao sistema e a dependência que temos em relação a tecnologia. O autor revelou, inclusive, ter sido fortemente influenciado pelo livro 1984, de George Orwell.  

“Nesse momento da história, em 1952 d.C., nossas vidas e nossa liberdade dependem muito da habilidade, da imaginação e da coragem de nossos gerentes e engenheiros, e espero que Deus os ajude, para que eles possam nos ajudar a permanecer vivos e livres.”

 

Piano Mecânico pode ser adquirido aqui. 

LEIA MAIS SOBRE LIVROS