O Jardim Secreto reúne emoção, magia e um grande elenco

Em tempos de pandemia, tristeza e caos, filmes com finais felizes aquecem o coração e se mostram necessários. O mais recente deles a atingir a categoria “coração quentinho” é O Jardim Secreto, uma nova versão do clássico de 1993. A história se baseia no livro de Frances Hodgson Burnett, lançado em 1911. Anos depois, Marc Munden decidiu que estava na hora da nova geração conhecer o universo mágico da história, que mistura um pouco de As Crônicas de Narnia com Ponte para Terabítia. Não pense se tratar de uma trama boba e infantilizada, pelo contrário. Munden consegue criar um novo universo em cima do pré-existente, adicionando um quê de sombrio e suspense. 

A história

A trama é toda voltada para Mary (Dixie Egerickx), uma menina irritante e mimada, criada a base de riqueza e privilégios na Índia. Quando os pais morrem, vítimas de doenças e da miséria resultante das guerras entre Índia e Paquistão, ela é obrigada a deixar o conforto de sua mansão. O único parente é o tio, Archibald Craven (Colin Firth), que mora em um palácio no interior da Inglaterra. Igualmente traumatizado por perdas em seu passado, Craven se isolou cada vez mais do mundo, transformando a gigantesca casa em um lugar lúgubre e sombrio. 

De um dia para o outro, Mary deixa de ter alguém para vesti-la, passa a ter apenas um mingau gosmento como opção de café da manhã e perde todo o colorido de seu quarto. Em troca, ela passa a ter a companhia de um cachorro imundo e dos gritos assustadores do vento, que entra pelas janelas enormes do quarto vazio. Mary logo descobre não estar sozinha e uma das muitas portas da mansão a levam até Colin (Edan Hayhurst), o filho aleijado do tio. Ela e o primo precisam aprender a lidar um com o outro, mas acima de tudo, precisam aprender a aproveitar as oportunidades que a vida lhes dá. E elas vem, escondidas sob os portões de um jardim secreto.

O filme

Logo fica claro que estamos lidando com uma história fantástica, no sentido literal da palavra. O jardim é mágico, com plantas mudando de cor dependendo do humor de quem por ali passa. Quando precisa de ajuda, Mary encontra na natureza sua melhor companheira e o filme recorre a uma fotografia belíssima para isso. O interior dos portões do jardim são como o interior do guarda-roupa de C.S. Lewis: indescritíveis. É ali que a menina deixa de lado sua imaturidade e aprende a ser humana. Ela cria empatia, aprende a acreditar e aproveitar os privilégios que têm. Ao lado de Dickon (Amir Wilson, de His Dark Materials), a garota criada dentro da bolha da riqueza encontra alegria em meias sujas de lama e o cabelo desgrenhado. 

As conversas entre Mary e Colin sob suas mães e os traumas que sofreram com suas perdas trazem um toque de seriedade de tristeza ao filme, fugindo do ritmo infantilizado criado pelas peripécias de Mary no jardim. Inicialmente, inclusive, o filme nos leva a pensar que Colin é um fantasma. Sua relação com o pai é totalmente reconstruída após a chegada da prima, que assim como eles, precisava se reencontrar. 

O Jardim Secreto

O filme ainda traz mais um nome dentro do grande elenco. Julie Walters, das franquias Mamma Mia e Harry Potter, vive a governanta Sra. Medlock. Ao final, não entendemos muito bem a necessidade da persoangem, que contracena pouco e não tem a chance de demonstrar todo o talento que sabemos ter. 

Ao final, o filme entrega um bom resultado, principalmente diante do ano de 2020. A história é pura e bonita, amarrando todas as pontas e concluindo de forma previsível, porém agradável. Há espaço até mesmo para uma maior duração e o público anseia por ela, principalmente com os personagens de Walters e Wilson. O garoto e a governanta ficam em segundo plano e poderiam ter ganho muito mais destaque na trama. 

O Jardim Secreto ainda não tem previsão de chegada ao Brasil. 

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