O que significa o final de ‘Malcolm e Marie’?

Malcolm e Marie, novo filme original da Netflix, apresenta ao longo de seus 105 minutos, diálogos inflamados entre o casal, como uma lupa de alerta aos relacionamentos negligenciados.

Contudo o filme de Sam Levinson termina de forma “inconclusiva” e silenciosa se pensarmos em todos os gritos verbalizados.

Filmes que tendem a não apresentar conclusões em seu desfecho são feitos exatamente para que não haja uma única interpretação, e sim, para que nós espectadores tenha experiências distintas com a obra. Esse é o caso de ‘Malcolm e Marie’, e pensando nisso decidi trazer para vocês a minha interpretação dessa história.

A primeira coisa que posso dizer, é que, por mais que o diretor Sam Levinson afirme que a história não é real, ele também afirma que foi inspirada por um incidente da vida real em que ele se esqueceu de agradecer à esposa em uma estreia. Além disso, muito do filme remete à Levinson e ao seu passado. O personagem de John David Washington, Malcolm parece ser modelado na percepção de Levinson sobre os crítico a própria arte, particularmente o discurso explosivo de Malcolm contra “a senhora branca do LA Times”, leva a crer ser um reflexo dramático dos próprios sentimentos de Levinson sobre uma crítica negativa que seu filme, lançado em 2018 [Assassination Nation], do LA Times.

A Zendaya no Papel de Marie, também pode representar Levinson já que se trata de uma ex Viciada, assim como Sam um dia foi. Além disso Marie faz papel de ‘Advogado do Diabo’ questionando e colocando a todo o tempo Malcolm e seu ego inflamadamente tóxico no lugar.

Ao longo de todo o filme vemos uma longa e distorcida discussão repleta de agressões verbais; enquanto Marie questiona a verdade sobre não ter sido creditada, ou escolhida para protagonizar uma história que claramente era sobre ela; Malcolm tende a diminuir a auto estima de Marie e enumerar todas as mulheres que o inspiraram, parecendo estar gostando da tortura que as palavras causavam à Marie.

A Medida que o filme avança fica claro que as bases daquele relacionamento desmoronaram, e que a presença submissa de Marie em sua vida, deixou Malcolm cego ao valor dela como parceira e como ser humano. Ele não consegue entender que Marie é a única pessoa que o ama o suficiente para tolerar suas explosões emocionais, sejam elas pessoais ou relacionadas ao trabalho.

Durante a conversa final de ‘Malcolm e Marie’, Marie começa a fazer Malcolm perceber o quão egocêntrico ele tem sido. Ela reitera com calma que tudo o que ela sempre quis dele era um reconhecimento, um simples “obrigado”, já que era o mínimo que ele podia fazer para validar o papel dela em seu sucesso e crescimento emocional. Marie também afirma o quão desnecessária e mesquinha a crueldade constante de Malcolm é, já que ela já foi esmagada por suas ações apenas para ser ainda mais machucada por suas palavras inflamadas.

A cena final mostra um Malcolm angustiado, que não consegue encontrar Marie em casa, chamando por ela desesperadamente. Essa poderia ter sido uma conclusão satisfatória, pois destacaria o preço que Malcolm teria de pagar por seu egoísmo. Contudo, a câmera mostra Marie parada silenciosamente do lado de fora da casa, e Malcolm a encontrando em seguida.

O final de ‘Malcolm e Marie’ sugere que eles permanecerão juntos, mesmo após ficar claro o relacionamento abusivo que vivem. Isso lança uma lupa de alerta à relacionamentos reais e uma bifurcação de decisões: permanecer neste ciclo vicioso de destruição e dependência; ou criar forças e se libertar?

No caso de Marie, ela escolheu o primeiro caminho, ela optou por permanecer com Malcolm, pois acredita que após o “detox” da noite anterior, eles podem seguir em frente e recomeçar.

E ai, Conta pra gente o que vocês acharam de ‘Malcolm e Marie’?!

No drama, o cineasta (Washington) e sua namorada (Zendaya) voltam para casa, após a festa de lançamento de um filme, para aguardar o iminente sucesso de crítica e financeiro. A noite de repente toma outro rumo quando revelações sobre o relacionamento começam a surgir, testando a força do amor do casal. Juntamente com o diretor de fotografia Marcell Rév, Levinson cria um filme de rara originalidade, uma ode aos grandes romances de Hollywood e uma expressão genuína de fé no futuro do meio.

O filme já está disponível na Netflix.

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