Ferida busca sair do clichê mas cai na fórmula batida

Halle Berry sempre esteve envolvida em grandes produções de sucesso em Hollywood, tanto diante das câmeras quanto por trás delas. Mais recentemente, a atriz decidiu se dedicar a projetos com um significado pessoal para ela e nada melhor do que começar com o pé direito. Ao menos era o que Ferida deveria ser. Marcando sua estreia como diretora, o longa da Netflix se esforça muito para passar a mensagem da protagonista, que por si só já conta com uma trajetória incrível e forte o suficiente para simplesmente ser contada.

Por mais que o universo do MMA seja extremamente masculino, com a prática da luta ainda sendo relacionada ao gênero masculino, as mulheres vem ganhando cada vez mais espaço, principalmente no esporte no Brasil. Ferida busca contar um pouco mais do universo do MMA e deixa claro que ainda há muito que explorar no contexto da luta feminina. A história da personagem é inspirada em uma trama real e realmente busca deixar clara a importância que a luta tem na vida de Jacqueline.

Berry interpreta Jacqueline, uma lutadora de MMA conhecida como Jackie Justice e ao invés de simplesmente conhecermos sua história narrada por uma terceira pessoa, vemos do ponto de vista da atleta, principalmente com um jogo de câmeras pensado para dar ao público a sensação da primeira pessoa. É perturbador de início, mas é um ponto do filme que precisa ser elogiado. Perder nessa primeira luta é fundamental para que também entendamos os motivos pelos quais Jackie decidiu passar quatro anos afastada do octógono, trabalhando como empregada doméstica. 

A história de Jackie é bonita, com uma superação destacada ao longo de toda a produção. Jackie vê uma chance de retomar a carreira, mas ela agora também precisa se preocupar com a luta diária que enfrenta em casa, cuidando do filho pequeno (vivido por Danny Boyd). Como se já não fosse o suficiente, a mulher ainda precisa viver com um relacionamento ruim com a mãe e quando percebemos a diretora nos mostrou mais da luta que Jackie enfrenta fora do ringue do que dentro dele.

O principal problema do filme é o roteiro, que procura um drama ao passo que mostra um filme esportivo. Voltado principalmente para a luta, Ferida as vezes esquece a que veio e começa a focar muito no drama, deixando o público confuso e sem um norte para se guiar. A verdade é que Ferida foi construído para ser um longa destacado por Halle Berry, estrelado por ela, dirigido por ela e todo voltado para ela. Caso tivesse delegado algumas funções, poderíamos ter uma história verdadeiramente bonita e de superação.

Ferida está disponível na Netflix. 

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