Viúva Negra não é a despedida que Scarlett Johansson merecia

Não houve um filme da Marvel que tenha sofrido mais com a pandemia do que Viúva Negra. Com previsão de chegar em abril de 2020, a produção só será lançada em 9 de julho deste ano, em um período onde o Universo Cinematográfico está lidando com sua maior ascensão. Trazendo a despedida oficial de Scarlett Johansson, que vem interpretando a Viúva Negra desde Homem de Ferro 2, o filme prometia concluir uma história e já dar indícios para o futuro de Florence Pugh. Após tanto tempo e dedicação, o que podemos afirmar depois de assistir ao filme, é que Scarlett Johansson merecia uma despedida melhor.

A personagem

Natasha Romanoff nunca foi uma personagem conhecida pelo carisma. Após a criação em uma rede de espionagem russa, ela se transformou em uma soldado, pronta para enfrentar qualquer tipo de inimigo ou cena de ação. Com o passar dos anos, vimos a transformação da personagem e da atriz, que ao ser acompanhada por sua “nova família”, começou a sorrir e demonstrar que era muito mais do que uma ex-espiã. Quando Viúva Negra foi anunciado, ficou prometido que o filme nos levaria aos confins do passado de Natasha, quando ela ainda criança foi sequestrada para a Sala Vermelha. Há uma clara tentativa de abordar o passado, mas o roteiro fraco e cheio de furos apenas nos entrega lapsos e flashbacks superficiais.

A última missão de Scarlett nas telas é realmente nobre e tinha ali o potencial para ser criado um dos melhores filmes do MCU. Seguindo um formato próprio, Viúva Negra é o primeiro filme da Marvel a ser voltado unicamente para a espionagem, para cenas de luta e poucos poderes cósmicos. Johansson tinha ali a oportunidade de uma vida inteira, em um filme solo dedicado a sua personagem. Os problemas começam quando vemos uma produção que deveria ter sido lançada logo após Vingadores: Ultimato, como uma forma de fechar o ciclo, chegar em um momento onde o MCU está todo voltado para seu futuro. Salvo a cena pós-crédito, que faz o link com produções a serem lançadas, Viúva Negra fica perdido dentro do que hoje conhecemos como o Universo da Marvel.

O filme

O filme contou com direção e protagonismo feminino, algo que nunca havia acontecido até hoje dentro do MCU. O elenco é quase todo composto por mulheres e os poucos homens que atuam não roubam a cena. Por trazer algo inédito, era de se esperar que um formato inédito fosse criado para Scarlett, afinal, ela merecia. Infelizmente, a Marvel aposta apenas no seguro, nas cenas de luta batidas, previsíveis e entrega um final onde simplesmente a mocinha vence o cara mau. Os diálogos dos personagens são salvos pelas piadas de David Harbour, que traz no filme uma atuação espetacular.

 

A trama

Viúva Negra traz o conceito de família que Natasha conhecia e nos leva diretamente aos acontecimentos após Capitão América: Guerra Civil. O filme introduz Yelena, a suposta irmã de Natasha que foi sequestrada e treinada junto com ela. Diferente de Scarlett, porém, a atriz mostra carisma em sua personagem, com um toque de deboche e escárnio que criam presença nas cenas. Natasha sempre foi uma figura passiva diante das presenças de outros personagens mais bem desenvolvidos e todos os seus destaques vinham acompanhados de algum outro Vingador. Em seu filme, ela ganha o espaço, mas quando atua ao lado de Florence, temos claramente uma diferença.

Em boa parte do filme, ficamos esperando o momento que o passado de Natasha será realmente explorado. Ansiávamos por cenas suas na Sala Vermelha, por momentos de sua adolescência e até os primórdios de sua vida, mas nada disso vem. Em contrapartida, o filme dá apenas uma pincelada na história e dedica todo o seu tempo a criar cenas de ação. O roteiro fraco e raso deixa a desejar e não traz a conclusão da jornada épica de Scarlett Johansson na Marvel. Ela protagoniza um filme clichê, sem grandes reviravoltas e que ganha em sua cena pós-crédito o melhor momento.

Enfim..

E por falar nas cenas de luta, até elas poderiam ter sido mais bem trabalhadas. Quando comparamos com personagens recentes do mundo das heroínas, como Mulher Maravilha e Arlequina, o estilo de luta feminino é completamente explorado da forma como deve ser. Em Viúva Negra, a masculinização dos duelos tiram do filme o seu protagonismo principal.

Viúva Negra não era nada daquilo que esperávamos, principalmente após tanto tempo. O filme decepciona e passa rápido demais, ao ponto do público ficar esperando por momentos que nunca chegam. A boa notícia é que vale a pena esperar até o final, pois a última meia hora é o que salva a despedida de Scarlett Johansson. Em uma tentativa de chegar a uma produção de espionagem de qualidade no estilo James Bond, a Marvel acerta em um Missão Impossível, sem roteiro e que precisa de suas cenas de ação para se desenvolver.

O filme é mais um desperdício da brilhante personagem que poderia ter sido a Viúva Negra de Scarlett Johansson, que encontra em sua despedida a falta de oportunidade que sempre teve no estúdio. Esperávamos uma redenção, mas parece que terá que ficar no mundo das ideias.

 

Viúva Negra chega aos cinemas no dia 9 de julho. 

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