A verdadeira história da Princesa Anastásia, da Disney

Um dos filmes mais emocionantes de Walt Disney é também um dos menos lembrados. A história que muitos conhecem sobre Anastasia é aquela contada pela Disney em 1997, mas na vida real, a vida da princesa dela foi muito diferente de um conto de fadas.

A história da Anastacia começa em 18 de junho de 1901. Ela nasceu Anastácia Romanov, a 4ª filha do czar Nicolau II e da czarina Alexandra. Como foi a quarta filha, mais uma vez o pai teve que ser pai de uma menina e o que ele sempre quis era um filho homem. O desejo foi realizado e 3 anos depois do nascimento da Anastácia, ela ganhou um irmão, chamado Alexei. O menino nasceu doente, com uma doença genética chamada Hemofilia.

Enquanto isso, Anastasia só queria agradar o pai. Ela sabia que ele queria que ela tivesse nascido homem, então simplesmente resolveu se comportar como um menino. Enquanto suas irmãs estavam sempre arrumadas e preocupadas em conseguir um príncipe, ela vivia brincando, pregando peças e usando as roupas mais confortáveis e fora da etiqueta da corte.

Rasputin

Os Romanov eram uma família imperial, mas a vida deles foi longe de ser aquela vida rica dos contos de fadas. Os irmãos dormiam em berços simples, precisavam realizar tarefas e dividam quartos. A mãe sempre ficava tomando conta dos estudos das filhas e ensinou as meninas a costurar e tricotar. E justamente durante o período de aprendizado que surge um nome bem conhecido dos fãs. Grigori Rasputin, o famoso vilão da história de Anastasia.

A mãe da menina adorava Rasputin e acreditava que ele tinha um poder divino de curar as pessoas. E com Alexei ficando frequentemente doente, ele passou a frequentar a casa dos Romanov com uma frequência mais do que necessária. Todos os filhos viam o Rasputin como um bom moço, um monge amigo da família, que adorava visitar o quarto das meninas enquanto dormiam, lá em 1912. Mesmo após a governanta avisar a família sobre as visitas, ela foi mandada embora e ele foi considerado o curador oficial da corte imperial russa.

Logo todo mundo começou a comentar sobre as visitas do Rasputin. Houve ainda quem falasse que ele estava tendo um caso com a mãe e as filhas ao mesmo tempo. Ele foi expulso por Nicolau e quando voltou a aparecer, foi assassinado em 1916, pela influência que tinha sob a mãe da Anastácia.

A Guerra

Em 1914, a primeira guerra mundial explodiu. O palácio da família virou um grande hospital e a mãe se juntou a cruz vermelha, junto com as filhas mais velhas. Anastácia ainda era pequena, então sua função era brincar e melhorar o humor dos soldados.

3 anos depois, em 1917, começou a Revolução Russa. Os cidadãos protestaram contra o racionamento de alimentos, por conta da primeira guerra, e atribuíram toda a culpa a família Romanov, principalmente a mãe. Fizeram motins e protestos em frente ao palácio, pedindo que Nicolau abdicasse do trono. Os homens do exército começaram a se voltar contra o imperador e o resultado obrigou os Romanov a ficarem presos em casa.

O pai de Anastácia acabou abdicando do trono, que foi assumido pelo filho doente. Obviamente que nada disso deu certo e a Rússia ficou sem um governante pela primeira vez na história. Os Romanov saíram do poder depois de 300 anos, encerrando uma das maiores dinastias da era. Uma vez que estavam sendo perseguidos e corriam risco de vida, foram todos para Sibéria se esconder. Lá, foram capturados e mantidos em cativeiro pelos bolcheviques, que eram os donos do poder naquele momento.

O assassinato

No dia 17 de julho de 1918, os bolcheviques obrigaram a família e seus súditos leais a descerem para o porão e se encostarem contra a parede. A princípio eles seriam fotografados e por isso ficaram em fileira. Naquele exato momento, a família Romanov foi condenada a morte e todos foram fuzilados. Tudo demorou 20 minutos e de acordo com relatos, as mortes de Anastácia e suas irmãs foram as mais dolorosas de todas. As meninas não morreram logo, pois as balas ricochetearam nos espartilhos.

Antes de tudo acontecer, a mãe tinha pedido as filhas para costurarem as joias das famíia dentro da roupa e isso acabou criando o colete a prova de balas mais caro do mundo. Quando não morreram com os tiros, elas foram espancadas para evitar que fizessem barulho. A morte dos Romanov foi considerada um mistério por muito tempo, pois os bolcheviques nada falaram sobre o assunto. Eles confessaram terem matado o pai, mas negaram qualquer envolvimento no desaparecimento da família.

Anastasia

Há uma história fictícia sobre Anastácia ter sobrevivido ao morticínio. Na verdade, a menina faleceu ao lado da família, dentro do porão na Sibéria. O que tivemos ao longo do tempo, foram mulheres impostoras dizendo ser a princesa perdida, reclamando a fortuna da família. A mais famosa se chamava Anna Anderson.

Anna comentou ter sobrevivido a chacina do porão porque um soldado se apaixonou por ela. Resgataram a menina na Alemanha, nas margens de um lago, tentando se matar. Ela foi levada para uma clínica psiquiátrica, onde ficou seis meses sem falar. Os médicos acharam cicatrizes e depois de um tempo, o sotaque russo apareceu. Anna afirmou ser Anastasia de 1938 a 1970, mas como não tinham provas concretas, todos a consideraram uma fraude. Em 1925, a tia da Anastácia visitou a menina e comprovou que ela não era sua sobrinha.

Anna morreu em 1984 e pediu pra ser cremada, pois não queria que ninguém testasse o seu DNA. Os médicos mesmo assim o fizeram e descobriram que ela se chamava Franziska Shanzkowska e era uma operária da Polônia.

Enfim

Os restos da família só foram encontrados em 1991, mas não encontraram nada sobre Aleksei e uma de suas irmãs. Descobriram que os corpos foram jogados em uma vala com ácido, para evitar que fossem reconhecidos. Só em 2007 acharam ossos queimados de duas pessoas, em um lugar da floresta que combinava com a descrição que o líder dos bolchevique tinha dado. Não conseguiram identificar quem era a menina.

Os Romanov foram canonizados pela igreja ortodoxa russa, como portadores de paixão.

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