Conto: O Sofá e uma Manta – Tati Bernardi!

Olá meus queridos! Eu adoro ler contos, crônicas e textos que me deixam reflexiva, vocês curtem? Por causa desse meu gosto, decidi começar um projeto novo, no Youtube, de leitura de textos e contos para vocês. Sabe, com aquela entonação de quem vive cada texto que lê? Eu adorava isso quando era criança e fui mudando apenas os gostos por textos diferentes quando cresci – acho que todo mundo passa por isso né? Toda semana, aliás, toda quinta feira, vou escolher um texto que me marcou, que me emocionou ou que me chamou atenção de alguma forma, para ler junto com vocês – aliás, quero sua participação nisso! Se você gosta de algum conto ou crônica bem legal, comente lá embaixo, no final do post, com o título ou link dele. Quero ler qualquer dia desses também! Hoje eu escolhi um conto de Tati Bernardi – uma das escritoras brasileiras atuais que mais admiro! Não achei o nome do conto, mas dei meu próprio título: O sofá e uma manta! Espero que amem tanto quanto eu! Se joga no play aqui embaixo: Leia o conto completo aqui: Semana passada liguei pro meu melhor amigo e convidei para um cinema. A gente não se falava desde o ano novo, quando tudo deu errado pro nosso lado. De tempos em tempos sumimos, falamos umas coisas horríveis de quem se conhece demais. Ele topou desde que fosse daqui pra frente, preguiça de conversar da briga e tal. E fomos. Cheguei antes, comprei. Ele chegou depois, comprou água. Porque eu comprei os ingressos, ele comprou também uns doces e disse que pagaria o estacionamento. Porque ele pagaria o estacionamento, eu disse que daria a carona da volta. E com meu coração tão calmo eu voltei a sentir o soninho de sofá de casa com manta que sinto ao lado dele. A gente não se beija nem nada, mas quando vai ver pegou na mão um do outro de tanto que se gosta e se cuida e se sabe. Já tivemos nossos tempos de transar e passar nervoso e aquela coisa toda de quem ama prematuramente. Mas evoluímos para esse amor que nem sei explicar. Ele me conta das meninas, eu conto dos caras. Eu acho engraçado quando ele fala “ah, enjoei, ela era meio sem assunto” e olha pra mim com saudade. Ele também ri quando eu digo “ah, ele não entendeu nada” e olho pra ele sabendo que ele também não entende, mas pelo menos não vai embora. Ou vai mas sempre volta. Não temos ciúmes e nem posse porque somos pra sempre. Ainda que ele case, more na Bósnia, são quase dez anos. Somos pra sempre. Ele conta do filme que tá fazendo, eu do livro. Os mesmos há mil anos. Contar é sem pressa de acabar. Se ele me corta é como se a frase que eu fosse falar fosse mesmo dele. É um exibicionismo orgânico, como se meu silêncio pudesse continuar me vendendo como uma boa pessoa. São dez anos. É isso. Ele me viu de cabelo amarelo enrolado. Eu lembro dele gordinho e mais baixo. Eu já fui bem bonita numa festa só porque ele queria me fazer de namorada peituda pra provocar a ex. Minha maior tristeza é que todo novo amor que eu arrumo vem sempre com algum velho amor tão longo e bonito. E eu sofro porque com pouco tempo não consigo ser melhor que o muito tempo. E de sofrer assim e enlouquecer assim, nunca dou tempo de ser muito para esses amores porque estrago antes. Mas meu melhor amigo é meu único amor. O único que consegui. Porque ele sempre volta. E meu coração fica calmo. E ele vai comigo na pizzaria e todos meus amigos novos morrem de rir porque ele é naturalmente engraçado e gente boa e sabe todos os assuntos do mundo. E todo mundo adora meu melhor amigo. E eu amo ele. E sempre acabamos suspirando aliviados “alguém é bobo como eu, alguém tem esse humor” e mais uma vez rimos da piada que inventamos, do pai que chega pro filho e fala: sua mãe não é sua mãe, eu transei com outra”. E esse é meu presente dessa fase tão terrível de gente indo embora. Quem tem que ficar, fica. Não esqueça de nos seguir pelas redes sociais e de se inscrever em nosso canal no Youtube para garantir as novidades de todos os dias, os links estão aqui embaixo! Beijos e até a próxima 🙂 Facebook Instagram Snapchat Twitter Youtube