OUTLANDER | Confira o review do episódio da semana – A. Malcolm!

“AGORA SOMOS NÓS DOIS…”

O tempo é algo que serve para mostrar que muitas coisas podem mudar, e que outras nunca mudam. Às vezes, o tempo passa por nós e nos rouba coisas que jamais podemos recuperar novamente. Em outras vezes, ele, o tempo, respeita aquilo de mais precioso que possuímos e que um dia definiu o que somos. Enfim, depois de muito sofrimento e solidão eles se reencontraram; e estão juntos novamente. Vinte anos de separação que não foram suficientes para acabar com um sentimento tão profundo como o amor de Claire e Jaime.

Quando eles se reencontraram, ambos estavam nervosos e temerosos que aquele amor que eles ainda sentiam não existisse mais no outro. Eu que li o livro e assisti a série até agora, sei que este não é o caso. Vi, ou melhor, vimos esses dois lutando para sobreviver as suas vidas separadas. Porém, nem Jamie e Claire tiveram esse luxo. Eles não sabem o que aconteceu com cada um, o que fizeram ou quem fez parte da vida do outro.

Quando Claire decide voltar através das pedras após sua filha abençoar esse regresso, ela não estava apenas perdendo o convívio com sua filha e talvez para sempre, ou deixando a sua vida estável e uma carreira bem sucedida. Ela também corria o risco de que não pudesse encontrar Jamie e que se o encontrasse talvez ele não mais a desejasse, ou estivesse envolvido com outra pessoa e amando-a.

O episódio A. Malcolm não começou exatamente onde o anterior parou. Afinal, se fosse fácil vermos o reencontro assim, não seria Outlander. Assim temos a visão dos acontecimentos através da perspectiva de Jamie e da vida dele como Alexander Malcolm, e podemos descobrir mais sobre ele. A vida de Jamie como Alexander Malcolm se parece muito com a vida de um solteiro.

Ele aluga um quarto em um bordel, onde a dona do local demonstra querer tomar posse dele e sabemos depois que ele não utiliza dos serviços oferecidos naquela casa, mas que ela é uma cliente dele. Ele é um gráfico que mantém alguns negócios perigosos, ou seja, continua um traidor da coroa inglesa e também é um contrabandista de bebidas.

Quando retornamos ao momento da chegada de Claire, vemos a reação de Jamie ao ouvir a voz e depois ao ver o rosto da mulher que ele sempre amou; e que julgou nunca mais ver, entendemos o choque que faz com que ele desabe no chão. Ao abrir os olhos ele continua a ver Claire, ao tocá-la e se sentir tocado por ela, ele confirma que não é mais um dos sonhos ou uma das muitas visões que ele teve com ela durante esses 20 anos de separação. E então, eles finalmente se beijam.

A primeira vez que li esse trecho do livro, me peguei imaginando qual seria a minha reação com tudo isso, se eu estivesse no lugar deles. Como será que eu me sentiria? Quais seriam as minhas expectativas? O meu desejo de contato seria maior que o meu medo de não ser desejada, ou pior de não ser mais reconhecida, aceita e amada? Será que mesmo sendo uma mulher bonita, agradaria ainda, pois o tempo deixa as suas marcas. E tudo o que vivi, senti, fiz, tantas coisas que passei e ainda não falei, como ele se sentiria sobre tudo isso, ou pior, como eu me sentiria ao saber sobre as aventuras dele?

Quando Jamie e Claire se casaram, ele era um jovem ingênuo e virgem de 23 anos, ela uma mulher casada e apaixonada por seu marido que se viu de repente na Escócia do século XVIII, obrigada a se casar para não ficar nas mãos de um odioso Black Jack Randall. No episódio do casamento, que confesso é o meu preferido até o momento, eles estavam nervosos e constrangidos, mas já havia uma convivência entre eles, troca de gentilezas, cuidado, confiança, conversas, atração mútua e olhares apaixonados da parte de Jamie.

Tudo era novo e uma descoberta, se encontraram, houve paixão, desejo e muito entendimento sexual até Claire se descobrir sentindo um amor tão imenso, que a fez com que escolhesse Jamie, quando teve que decidir entre ele e Frank. Esse amor de Jamie e Claire tornou-se algo tão forte e inabalável que sobreviveu a violências terríveis, como quando Jamie teve o seu corpo e alma quebrados, onde Claire jamais desistiu dele e o trouxe à vida novamente com o seu amor. Ou quando eles perderam Faith, a filha deles que nasceu morta, também foi esse amor que os uniu novamente.

Será então que esse amor sobreviveria a tanto tempo de separação? Segundo o autor João Doederlein: “amor (s.m.) é o resumo do infinito. é o laço entre dois corações. é um sorriso frouxo demais. é quando a gente escuta o mundo inteiro no silêncio de alguém. é um cafuné bem feito. é encontrar um lar em outro peito.” Amar (v.t.d.) para Jamie e Claire foi como o autor acima descreveu, mas também foi ter o coração despedaçado pela separação, foi torna-se um morto vivo, um incompleto e de luto constante por ficar longe desse amor.

Achar que nunca mais vai encontrar com ele novamente e perder todas as esperanças de rir frouxamente, de se doar por inteiro, de despir-se de máscaras, de ser você mesmo com todos os defeitos e mesmo assim saber que ainda será aceito. Então, um dia a esperança ressurge, a chama brilha e volta a aquecer o seu espírito… e o reencontro acontece.

Imagina como seria reencontrar o seu amor após 20 anos de separação, com todas as mudanças não só físicas, mas também emocionais e pior com todas as cicatrizes deixadas na alma. É ter ansiedade, insegurança, medo, não pior, terror de não ser mais desejado, de não ser mais o mesmo ou de que ele não seja também, de perceber que aquilo que sentiu e sonhou por tanto tempo foi apenas uma projeção, ver no olhar do outro a frustração e refletida a sua também, temer que só haja o vazio.

Mas esse casal é Jamie e Claire, com um amor épico e atemporal. Nesse reencontro vimos ansiedade, insegurança, medo e terror, afinal, naquele quarto eles não estavam sozinhos, havia fantasmas e tantos sentimentos conflitantes, mas principalmente olhares de amor, uma intimidade e cumplicidade que foi sendo conquistada aos poucos quando a incerteza sumiu e o seu espaço foi tomado pela certeza que estavam mudados, mas que a essência e que o amor ainda estavam lá, mesmo com o passar implacável do tempo. Foram dois amantes se redescobrindo, rindo com os seus desajustes e tentativas de encaixe, mas ainda estava ali, a mesma paixão, o mesmo desejo, o mesmo amor. Eles mudaram é claro, mas ainda eram completamente apaixonados. Não é só amor o que existe entre Jamie e Claire é o encontro de duas almas que não existem separadas.

Assim eles se reencontraram com um beijo temeroso, com um jantar regado a sedução e vontade de se provarem novamente. Estavam mais maduros e mesmo assim pareciam como meninos, tentando o encaixe perfeito e provocando alguns acidentes durante o percurso, nariz e cabeças batidas, regados a risadas frouxas e beijinhos fofos. E quando eles se reconectaram e o encaixe aconteceu, aí a paixão explodiu com os toques, gemidos, beijos, sussurros, barulhos do encontro das carnes e os olhares apaixonados durante tudo isso, foi sensual e quente demais. Depois, foram conversando e se conhecendo melhor, a entrega e cumplicidade aumentando a intimidade e então fizeram amor com calma, explorando cada parte com desejo e com a certeza de que estavam de volta, que naquele abraço, no aconchego daquele peito, eles finalmente encontraram o lar. No fim do episódio, Claire depois de uma ótima cena com ela tomando café com as garotas que trabalham no bordel e que acham que ela é uma das novas garotas, ao retornar ao quarto se depara com um homem que está mexendo em tudo à procura de papéis que incriminem Jamie e Claire termina o episódio nas mãos do malfeitor e correndo perigo mais uma vez, afinal, Claire está de volta ao século XVIII e os problemas a perseguem como uma imã, mas nesse caso foram atrás de Jamie e ela só estava no lugar e hora errados.

Eu estava muito ansiosa por esse episódio e com o reencontro, e sinceramente gostei muito dele. A forma sensível como foi abordada toda a confusão de sentimentos e medos que eles estavam sentindo. E também a forma amadurecida e real como eles se reencontraram, reconectaram e se amaram. Não foi somente um encontro regado a desejo e sexo, teve romance e todas as frases românticas do livro foram proferidas no episódio. Lindo e sensível. Na verdade, há algo que me impede de dizer que esse episódio foi perfeito. No momento em que Claire mostra as fotos de Brianna para Jamie, houve uma mudança do livro para a série. No livro ele vê as fotos e simplesmente desarma toda a sua fortaleza, chorando nos braços de Claire por não ter sido pai de sua filha, por não vê-la bebê, menina, adolescente e uma moça, não a ter segurado, tocado e vivenciado essa experiência de pai.

Foi um dos trechos mais lindos do livro, um momento entre Jamie, Claire e Bree. E isso foi quebrado ao ter sido falado sobre William, não que ele não poderia ter falado sobre o filho, mas poderia ter esperado até que esse momento de entrega de Jamie à emoção de conhecer a sua filha acontecesse. O importante é que agora Jamie e Claire estão juntos e como ele mesmo disse: – Agora, somos nós dois! – E ninguém mais pode separá-los, nem guerras, segredos, violências, nem mesmo o tempo e os séculos foram capazes.

Out.¹: Milady! Ah, que lindo que foi o encontro de Fergus com Claire. E como César Domboy ficou bem como um Fergus mais crescido, quando ele disse Milady e a abraçou foi como se eu estivesse vendo o Romann Berrux que fazia o pequeno Fergus. Gostei do Sr. Willoughby e acredito que vamos rir muito com ele ainda, não gostei da forma como mudaram a aparição do jovem Ian na série, mas gostei do ator John Bell.

Out.²: Quanto à Madame Jeanne da série, nunca a vi, mas já a detestei. Já sobre as meninas do bordel, Dorcas e companhia, adorei elas e a forma como trataram a nossa Sassenach, inclusive ri muito com as dicas sobre asseio, controle de natalidade e a principal sobre o dedo em um lugar estratégico. Quanto ao Geordie, cara tu é chato e preconceituoso pra caramba, e não tem a minha simpatia de jeito nenhum.

Out.³: Não poderia encerrar esta crítica sem tecer mais uma vez elogios ao desempenho de Caitriona Balfe e Sam Heughan que foram perfeitos demonstrando toda a ansiedade, insegurança e desconforto com a distância provocada por 20 anos de separação dos seus personagens, assim como a paixão, desejo, encantamento e amor presentes em cada olhar. Temos muita sorte de termos atores tão talentosos e com uma química absurda como a deles.

Texto: Mari Barros

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