O que é ficção científica, de verdade?

Essa semana, fomos convidados pela Editora Aleph para um café da manhã com seus editores! O tema principal foi ficção científica e os próximos lançamentos da editora, que ama esse tema, assim como nós. A ficção científica hoje, está presente em mais conteúdos do que podemos imaginar e, acabou virando a queridinha de Hollywood também. Os editores fizeram um review histórico muito interessante – que achei válido trazer para vocês. Claro que ainda vamos falar muito, por aqui, sobre os lançamentos da editora para este ano (e os próximos anos também), por enquanto, você pode ler sobre os lançamentos de Star Wars aqui! Os editores dividiram a história da ficção científica em cinco grandes eras + a distopia que vem exatamente para quebrar os tabus de uma era pré-definida. Aliás, esse negócio de dividir a história em eras é muito incoerente, na minha opinião, porque sabemos bem que a vida não se divide tão certinha assim né? Mas a divisão deles ficou tão legal e interessante que preciso contar para vocês. ERA CLASSICA FICÇÃO CIENTÍFICA Nessa época, meados de 1800, a ficção científica não era conhecida como ficção científica ainda. A literatura era uma exclusividade europeia e a ciência começou a aparecer como elemento fundamental nas tramas – uma novidade mesmo. Um título importante nesse período é o The Last Man da autora Mary Shelley. Existe um flerte constante entre o fantástico e o horror nesse período e exemplos bons são os livros FrankensteinGuerra dos Mundos e muitos outros que tinham o mesmo objetivo – chocar com a ciência. Ah, uma coisa bem legal que eles fizeram foi diferenciar ficção científica de fantasia (e isso é bem confuso na mente de muitas pessoas). Podemos dizer que, por exemplo Frankenstein é ficção científica pois mostra um monstro justificado pela ciência, enquanto Drácula só pode ser classificado como fantasia pois tem um fenômeno natural inexplicável que o justifica. Viu? Nem tudo que reluz, é ouro! 🙂 ERA PULP Diferente da primeira era da ficção científica, a era dita “clássica”, a era pulp foi praticamente toda americana – claro que teve influência ao redor do globo, mas podemos dizer que a concentração estava nos EUA. A era pulp era mais ingênua, mais em formato de entretenimento, com total desprendimento científico. Os quadrinhos são ótimas referências para esse período. Essa era rolou lá pelas bandas de 1900 e trouxe muito do que conhecemos hoje como ficção científica ao mundo – os contos eram lançados em revistas e a história tinha maior foco na própria trama e não na explicação dos motivos da história. As publicações eram muito mais ingênuas, leves e sem dados científicos! Uma referência? As revistas Amazing Stories são as mais perfeitas. era de ouro A era de ouro rolou em meados de 1930 e tratou a literatura de ficção científica de forma mais profunda, realista, literária, linear e totalmente hard sci fi. Tudo era muito explicável e crível para tornar a ciência, a protagonista da história. Nesse momento surge no universo e, nas nossas vidas, Isaac Azimov, Arthur Clarke e Robert Heinlein. Os principais títulos do período são desses três autores citados, mas tem muitos outros. Podemos citar como principais, então, As Fontes do Paraíso de Clarke, Tropas Estelares de Heinlein Robôs do Amanhecer de Azimov. Nesse período, a ficção científica, sendo tratada com mais respeito e com literatura de maior embasamento, ganhou maior atenção pública e a maioria das histórias clássicas foram publicadas. ERA NEW WAVE Aqui, entre os anos 1960 e 1970, surge a contracultura, a era experimental, de humanas, uma coisa mais leve e menos científica, no mundo do sci fi. As ciências humanas começaram a ser muito exploradas na literatura e a ficção passou a servir como pano de fundo para discutir temas sociais mais profundos (adoro história de ficção assim). Aqui, podemos citar Philip Dick e Ursula Guin como autores principais do período. As discussões psicológicas em resposta ao que a era de ouro trazia para o mundo, explicava bastante o que estava além do padrão estipulado. Existia uma divisão clara entre o que era real e o que estava misturado com a ficção. Citando a distopia – Aqui, podemos dar uma pequena pausa para falar de uma fase que perdura a linha do tempo toda da história da ficção científica. Podemos citar títulos como 1984 Laranja Mecânica por exemplo, como os dois maiores títulos que enfrentam de igual para igual os conceitos pré-definidos como de ficção científica. ERA CYBERPUNK O que dizer da cyberpunk? É a era mais próxima de nós, do que conhecemos como literatura e realidade da ficção científica. Aqui conta-se sobre o urbano, o distópico, o noir, o caótico. Os autores mostram insatisfação com as coisas que estavam acontecendo no mundo, são mais realistas e diretos. Eles não falam de projeções distantes e sim sobre um futuro próximo, colocando, ainda, a tecnologia como grande vilã da história. Segundo William Gibson, em seu livro Neuromancer, o indivíduo ciberpunk é uma espécie de “pichador virtual” que se utiliza de seu conhecimento acima da média dos usuários para realizar protestos contra a sistemática vigente das grandes corporações, sob a forma de vandalismo com cunho depreciativo, a fim de infligir-lhes prejuízos sem, contudo, auferir qualquer ganho pessoal com tais atos. Todos os períodos da ficção científica são ótimos, incríveis e enriquecedores. Recomendo que você leia um pouquinho de cada era! Beijos e até a próxima!